Tecnomacumba permanece sendo um manifesto de brasilidade e uma intervenção cultural, que em 2022, foi referência para o enredo “Fala Majeté – As setes chaves de Exu” da escola de samba campeã do carnaval carioca, a Acadêmicos do Grande Rio (Foto/Divulgação)
Para celebrar 20 anos do “Tecnomacumba” e o aniversário de São Luís, no show que acontece neste sábado (9), às 22h, na Praça Praça Maria Aragão – Beira Mar, Rita Benneditto convidou os lendários multi-artistas Dzi Croquettes, Ciro Barcelos, que assina a direção artística, e Claudio Tovar, responsável pelo figurino da cantora.
A noite ainda promete uma grande gira, com as participações especiais do artista visual Fernando Mendonça, da bailarina Kiusam de Oliveira e do diretor, ator e bailarino Ciro Barcelos.
O ano de 2003 representa um marco na vida de Rita Benneditto. Na ocasião, há 20 ano0s, a cantora maranhense, cujo timbre é um dos mais expressivos da nossa música e sua voz uma das maiores forças de resistência em nosso país, estreava um show no qual jogava luz sobre aspectos da nossa ancestralidade – e que muito dizem da nossa identidade enquanto Cultura e Nação.
O show era o “Tecnomacumba” e o nome não poderia ser mais apropriado. No repertório, pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas mesclados a temas da MPB, de autores como Gilberto Gil e Jorge Ben, em que entidades-símbolos da nossa fé são louvados/evocados.
Tudo isso apresentado com arranjos modernos, em roupagem eletrônica, que saía então dos clubes e ganhava de vez as pistas mundo afora. E a iniciativa rendeu frutos: 1) são quatro os registros, um CD de estúdio e dois ao vivo, sendo um deles em DVD e o videoclipe 7Marias; 2) foi longe (até em Dakar, no Senegal, o show já foi visto); 3) rendeu prêmios como o Rival Petrobras (show) e o da Música Brasileira (melhor cantora). Por uma coisa a artista não esperava: que o show seria apresentado durante 20 anos e não dá sinais de esmorecer. Mesmo durante os dois anos de recolhimento devido a pandemia da Covid que assolou o mundo, Tecnomacumba, manteve-se ativo em formatos online, e agora retorna aos palcos com força e fé.
Com Tecnomacumba, Rita provou que o elo que une nossa música à eletrônica tem como alicerce o bater dos tambores, cujos ecos reverberam para além dos terreiros, passando pelas patuscadas e rodas de samba que animam os fundos de quintal, e as pistas de danças nos grandes centros do Brasil e do mundo. Acontece que um show é também um organismo vivo.
E pulsa. Ao longo desse tempo, Tecnomacumba não se manteve estático. Não em se tratando de Rita Benneditto. O show tornou-se uma grande referência para as novas gerações, amadureceu – assim como sua intérprete – e possibilitou a ela experimentar, ousar e, por que não, reinventar-se.