Empresa GPM apresenta projeto integrado de porto-ferrovia na FIEMA

Nedilson Machado
Nuno Martins e Paulo Salvador, diretores executivos da Grão-Pará Maranhão, estiveram na FIEMA para apresentação do projeto a empresários e membros do governo estadual, e foram recepcionados pelo vice-presidente da FIEMA , Luiz Fernando Renner e pelo secretário José Reinaldo Tavares (Foto/Divulgação)
 
A construção do Terminal Portuário de Alcântara (TPA) da Estrada de Ferro do Maranhão (EF-317) e de um Hub de Energia Verde prometem transformar a logística do agronegócio e da mineração no país, além de impulsionar a economia e gerar empregos. Diretores executivos da empresa Grão-Pará Maranhão apresentou o empreendimento hoje (19/11) durante reunião do Conselho Temático de Desenvolvimento Industrial e Inovação (CODIN), da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA).
Nuno Martins e Paulo Salvador, diretores executivos da Grão-Pará Maranhão, estiveram na FIEMA para apresentação do projeto a empresários e membros do governo estadual. Nuno explicou que o TPA e a ferrovia 317 são uma infraestrutura ‘âncora’ que dará suporte a todo o desenvolvimento futuro. “Nós queremos desenvolver um porto e uma ferrovia que sejam utilizados por todos e que vão abrir e sustentar as oportunidades de industrialização daqueles que investirem no Maranhão, com uma solução de embarque eficiente e com possibilidade de crescimento”, explicou. Toda essa infraestrutura deve contemplar, por exemplo, terminal de contêiners e a produção de energias renováveis.
O vice-presidente da FIEMA e presidente do Conselho Temático de Desenvolvimento Industrial e Inovação (CODIN), Luiz Fernando Renner, disse que se trata de um projeto complexo e considerado hoje o maior existente no estado e talvez para as regiões Norte e Nordeste. “Essa infraestrutura portuária e ferroviária é importante não apenas para o Maranhão, mas também para o Centro-Oeste em virtude da sua capacidade de escoamento da crescente produção de grãos, especialmente na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, falou Renner, reiterando apoio da FIEMA ao empreendimento.
INFRAESTRUTURA E INTEGRAÇÃO – O TPA será um porto de águas profundas, com profundidade mínima de 25 metros nos berços, capaz de receber navios de até 200 mil toneladas de grãos sem necessidade de dragagem. Sua localização estratégica na Baía de São Marcos, aliada à alta capacidade e à segurança operacional comprovada por simulações internacionais, permitirá a atração de novas empresas e a criação de um hub de distribuição de contêineres para o Brasil e países vizinhos. O projeto prevê a construção de um TUP (Terminal de Uso Privado) com 1.186 hectares e 8 berços de até 405 metros de cais cada um.
A EF-317, com 520 km de extensão e bitola larga de 1,60m, conectará o TPA a Açailândia, integrando-se à Ferrovia Norte-Sul (FNS). Essa ligação ferroviária direta de Água Boa (MT) até o porto maranhense permitirá o escoamento da crescente produção do agronegócio e da mineração do Centro-Oeste, reduzindo custos logísticos e impulsionando a industrialização do Maranhão, com acesso aos mercados do exterior e do Sudeste. O modelo “Open Access” da ferrovia permitirá que diversos operadores utilizem a infraestrutura, o que fomenta a competição e a eficiência.
O projeto está dividido em três fases. A fase 1 (2028) prevê a construção do porto rodoviário com capacidade para 10 milhões de toneladas por ano (Mtpa) e investimento previsto de R$ 800 milhões. A fase 2 (2030) contempla porto rodoferroviário com capacidade para 40 Mtpa e aporte previsto de R$ 500 milhões para o porto e de R$ 4,4 bilhões para a ferrovia. Já na fase 3 (2032), o porto rodoferroviário com capacidade para 70 Mtpa e investimento previsto de R$ 500 milhões para o porto e R$ 4,6 bilhões para a ferrovia.
De acordo com estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a previsão é que o empreendimento gere 20 mil novos postos de trabalho. A estimativa é de arrecadação anual de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com base no Porto do Itaqui, de R$ 3,1 bilhões.
O projeto do Terminal Portuário de Alcântara, que está em fase de licenciamento ambiental, prevê ainda destinação de 6% dos dividendos para financiar uma fundação que promova o bem-estar e a preservação das tradições das comunidades quilombolas. Além disso, a EF-317 foi classificada como prioridade 1 no Plano Setorial de Transporte Ferroviário do Brasil, sendo considerada estratégica para o desenvolvimento do país. A ferrovia e o porto contribuirão para a diminuição dos custos logísticos, tornando as exportações brasileiras mais competitivas no mercado internacional.
PROJEÇÕES – Estudos do Banco Mundial, do Governo Brasileiro e da Esalq-Log apontam para a viabilidade e o alto potencial do projeto. A EF-317 foi escolhida como a melhor opção para maximizar a eficiência da Ferrovia Norte-Sul (FNS), com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 26,2% e de 41,4% para o conjunto TPA + EF-317. A hinterlândia de escoamento de grãos é estimada entre 60 e 81 milhões de toneladas já em 2031, com grandes economias nos fretes marítimos para a China.
O TPA e a EF-317 representam um passo importante para o desenvolvimento do Maranhão e do Brasil, consolidando o estado como um importante corredor logístico e impulsionando o crescimento econômico e social da região. Com planejamento estratégico, investimentos robustos e compromisso com a sustentabilidade, o projeto promete trazer muitos benefícios. Ente eles a atração de novas empresas aproveitando a sinergia com a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), apoio logístico ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e suporte ao ‘novo pré-sal’ da Margem Equatorial.
O ex-governador e titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (SEDEPE), José Reinado Tavares, elogiou o projeto e a resiliência dos diretores da Grão-Pará Maranhão. “Reforço que os governos estadual e federal devem apoiar essa iniciativa, pois um projeto desse porte não pode ser sustentado apenas por empresários”, destacou Tavares.
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