Eclipse solar: oftalmologistas alertam para perigos de observação sem proteção adequada

Nedilson Machado
Saiba como acompanhar o fenômeno astronômico neste sábado (14); especialistas enumeram riscos para a visão e orienta sobre forma segura de observação (Fotos/Divulgação)

 

Um eclipse solar anular – quando a lua passa entre a Terra e o Sol – deixará um círculo de luz no céu para ser admirado por alguns minutos neste sábado (14). O fenômeno poderá ser visto por todo Brasil, entretanto, observar o eclipse sem a proteção adequada pode trazer prejuízos para a saúde da visão, como alertam os oftalmologistas Breno Leão e Romero Bertrand.

“Devido às radiações solares no espectro ultravioleta, há alguns problemas que podemos desenvolver ao observar diretamente o sol, dentre elas ressecamento ocular agudo, ceratopatia ultravioleta e queimaduras solares perioculares. Em casos mais graves, e muitas vezes irreversíveis, apresentar retinopatia solar com lesão diretamente na retina dos fotorreceptores que resultará em comprometimento visual”, detalha Breno Leão, que é docente de medicina no Instituto de Educação Médica (IDOMED).

Diante desse perigo, as formas corretas de admirar o eclipse são através de telescópios solares especiais, câmeras e filtros solares. “Mas para aqueles que não possuem tais instrumentos, podemos fazer a visualização direta por meio do uso da máscara de soldador com vidro nº 14 ou numeração superior (quanto maior o número, mais escuro o filtro e mais seguro para observar); filtro de poliéster aluminizado que é translúcido ou óculos com filtro solar de poliéster, que não devem ser confundidos com óculos comuns de proteção solar”, orienta o especialista.

Dr. Romero Betrand

Dr. Romero Bertrand

Já o oftalmologista Romero Bertrand, da Ocular Centro Especializado em Oftalmologia, no Renascença, afirma que o problema principal dos eclipses se baseia no fato da lua não encobrir totalmente a luz do sol, especialmente no eclipse anular, no qual um ‘anel de luz’ ao redor da lua continuará visível.

“Aquela parte pequena de luz que passa (raio solar) emitido pelo sol vai lesar a área central da retina humana que chamamos de mácula. Pode lesionar por efeitos fotoquímicos da radiação solar as células responsáveis pela visão, chamadas de cones e bastonetes (fotoreceptores), que no caso dessa região central são principalmente os cones dessa região nobre do fundo do olho que podem sofrer alterações dos raios, principalmente dos raios UVA irradiados pelo sol”, conta Romero, que também é professor na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Assistir ao eclipse de forma indireta também pode ser uma alternativa. O Observatório Nacional, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ON/MCTI), transmitirá ao vivo o eclipse anular do Sol. O evento poderá ser assistido através do YouTube. Clique aqui para assistir. “Outra forma indireta de observar é utilizando o princípio da câmara escura com o tutorial de montagem disponível facilmente na internet”, indica Breno Leão.

Cuidados importantes

Muitas pessoas fazem o uso de filmes de radiografias, filmes fotográficos antigos (negativo), câmeras de celulares comuns ou mesmo a observação direta para o sol usando bonés, chapéus ou mesmo a mão como anteparo. Contudo, as práticas são contraindicadas, pois dessa forma estão apenas tapando a luminosidade excessiva do sol, mas não possuem a proteção contra a radiação, que é justamente a parte nociva da exposição à luz solar.

Compartilhe este artigo