O cirurgião dentista e amante dos esportes de aventura Rafael Murilo saiu de Orlando (EUA) na segunda feira (7) e segue em cerca de 40 dias pela Rodovia Pan Americana até chegar de volta em São Luís (Fotos/Arquivo Pessoal)
‘Indiana Jones’ dos esportes ou ‘Forrest Gump’ sobre 4 rodas pelo mundo afora? Como classificar o cirurgião dentista Rafael Murilo, que tem como segunda especialidade viver de aventuras?
Pois é, esse brasiliense radicado em São Luís, 42 anos de idade (40 deles vividos em São Luís, que ama de paixão e de onde não sai por nada), nas horas vagas se dedica ao surf, kitesurf, wakeboarder, ski, paraquedismo e acaba de abraçar mais um grande desafio: comprou um carro nos Estados Unidos e está saindo de lá pela estrada com destino a São Luís.
“Vou passar por 12 países, ou talvez 13, dependendo do tempo, em 40 dias de viagem”, avisa. Partindo dos EUA, Rafael segue o roteiro pelo México, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Panamá, Colômbia Equador, Bolívia, etc e tal, até estacionar por aqui. Ressaltando que metade desses dias, ele vai dormir no próprio veículo, que, segundo ele, abriga até 7 pessoas.
Com o carro em seu nome, todo regularizado e quitado, Rafael diz que é impossível fazer o percurso planejado total nas 4 rodas: “340km, só um pedacinho, 1% da viagem, tem que fazer de navio. Você gasta 2 mil dólares para botar ele no container, no Panamá, e atravessa até a Colômbia. E a pessoa não pode embarcar junto”, revela.
O professor de dança, amigo pessoal e companheiro de viagem e aventuras, Geovanio Araujo, da Escola Expressar, duvidava: “em 2013, eu e o Giovanio viajamos para os Estados Unidos e ficamos numa disputa: ele dizendo que era impossível ir de carro para o Brasil e eu falei que era possível”, lembra o aventureiro. E foi com o “parça” Geovanio, que em 2021 ele saiu de Natal, Rio Grande do Norte até São Luís (MA), velejando de kitesurf.
Mas nada é tão fácil assim. Para sair de veículo dos EUA para o Brasil, Rafael tinha que regularizar o carro: “foi muito sofrida a luta para sair essa placa, mas deu certo”, alivia. Nos grupos das redes sociais, os amigos também não acreditavam que ele iria vencer essa etapa. Alguém chegou a dizer que ele não havia comprado carro algum, que era tudo mentira.
Meu carro é vermelho
O carro em questão é um Dodge Durango vermelho, 2011, comprado pelo valor de 7 mil dólares no mercado de semi-novos. Ele saiu de Orlando, na Flórida, rumo ao Brasil há dois dias, disposto a não só deixar o seu proprietário mais bonito, mas também enfrentar “di boa” todo tipo de relevo, clima e vegetação que encontrar no caminho, ideal para o conceituado dentista curtir e aproveitar as férias. “Quando eu chegar no Brasil, eu tenho 90 dias para me livrar do carro. Enfim, talvez eu venda em algum desmanche. Mas ele tá todo “regularzinho”, quitado, no meu nome”, enfatiza, já que o carro não pode ser legalizado no Brasil.
Rafael Murilo já fez várias Eurotrips. “Fui esquiar pela Europa: Suíça, França, Itália, etc”, confessa. Conta ainda que gosta de viajar com os amigos. Viajar em grupo. “Mas 80% das minhas viagens é tudo sozinho, faço quase tudo sozinho”, orgulha-se.
Segundo ele, não é fácil dispor de uma parceria para uma aventura dessa. “Para viajar para os EUA, tem que ter passaporte, visto. Tem que ter tempo livre, tem que ter disponibilidade de tudo, não pode nem ter saudade de ninguém”, conta o aventureiro que já fez 23 dias pela Itália sozinho.
“Eu aluguei até um motorhome para rodar de Las Vegas até Chicago”, detalha. Ainda sobre suas andanças mundanas, acrescenta: “Desde 2013 eu viajo. Já fiz África do Sul, a Rota Jardins, a rota de carro mais bonita do mundo, que vai do Cabo Ocidental ao Cabo Oriental, passando pela costa sudeste do país. Fiz também uma viagem por Dubai e tudo, mas sem tanta aventura”.
E por falar em aventura, a essas alturas do campeonato a viagem prossegue já próximo a entrar no México, onde vai encarar a primeira imigração do roteiro. “Mostrar passaporte, documento de carro, mostrar tudo. Revistar o carro pra ver se não tem droga, ver se não tem nada, entendeu? É chato pra caramba”, encerra. Boa viagem, amigo.