Consumo de ultraprocessados e falta de exercícios físicos são causas: a prevenção da obesidade deve ser a principal estratégia adotada a nível global (Foto/Arquivo)
O Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso até 2035. É o que aponta o Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado pela Federação Mundial de Obesidade. O documento traz dados atuais sobre a doença no mundo e as projeções para os próximos anos.
A taxa anual de crescimento da obesidade em crianças e adolescentes brasileiros até 2035 deverá ser de 1,8%. A prevalência de crianças e adolescentes com Índice de Massa Corporal elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados. Em 2035, a projeção é de que essa taxa chegue a 50%, com mais de 20 milhões de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso.
Segundo o médico Hérquimas Pereira, cirurgião do aparelho digestivo e que atende na Clínica Idiagnóstica, em São Luís (MA), com unidades no Centro e Cidade Operária, a prevenção da obesidade deve ser a principal estratégia adotada a nível global, além de aumentar o acesso a tratamentos, como medicamentos antiobesidade e cirurgia.
“São muitos os fatores, mas a prevenção é feita se comendo melhor, dormindo-se melhor, ficando longe das telas e tendo menos estresse, em outras coisas. Em resumo, é preciso fazer uma higiene da vida, no geral”, diz Hérquimas Pereira.
Hérquimas Pereira frisa que a primeira opção de tratamento para obesidade infantil, recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, é uma mudança no quadro nutricional e de atividades físicas da criança, tornando-as regulares e equilibradas. Isto porque, normalmente, conforme ele, a obesidade infantil é causada por problemas comportamentais, mentais ou genéticos, e o tratamento enquanto cirurgia vai cuidar somente do sintoma e não da raiz do problema.
Cirurgia bariátrica
A funcionária pública Fátima Galvão conta que até hoje luta com a neta, já adulta, mas que desde criança teve sobrepeso, chegando a fazer a cirurgia bariátrica. Ela diz que o processo não foi fácil, mas a diferença foi bastante grande.
“No entanto, indico a todas as mães que submetam seus filhos a uma cirurgia desse tipo que procedam ao acompanhamento médico constante depois da cirurgia, para que não apareçam complicações. Além disso, é importante manter a atividade física e os hábitos saudáveis”, frisou.
Hérquimas Pereira ressalta que pessoas diagnosticadas com obesidade mórbida são indicadas para a cirurgia bariátrica. O mais indicado é a realização dessa cirurgia a partir dos 14 anos. A primeira opção de tratamento para obesidade infantil, recomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, é uma mudança no quadro nutricional e de atividades físicas da criança, tornando-as regulares e equilibradas.
Caso a primeira opção não faça efeito, é possível analisar novas alternativas, como cirurgias menos invasivas para oferecer mais segurança ao paciente. “Quando a criança se encontra com a obesidade grau três, pode-se considerar a cirurgia bariátrica, se os riscos forem menores do que conviver com a obesidade. Na avaliação, todas as fases são levadas em consideração, como o pós- operatório e o acompanhamento com a equipe multidisciplinar”, explicou Hérquimas Pereira.