A empresária Paula Janete Batalha, gestora do projeto Delas, do Sebrae, lista algumas questões enfrentadas exclusivamente por donas de negócio (Fotos/Divulgação)
O estado tem mais de 300 mil empreendedoras, entre formais e informais; maioria trabalha por conta própria e não tem CNPJ
O Maranhão possui 305.352 empreendedoras, entre formais e informais, o que corresponde a 33,5% dos donos de negócio no estado. O dado é de um levantamento recente produzido pelo Sebrae a partir de microdados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua do 4º trimestre de 2023. Desse total, 285.472 trabalham por conta própria e 19.880 são empregadoras. Ainda segundo a pesquisa, apenas 41.312 possuem empresa formalizada, cerca de 14% do total de mulheres empreendedoras, percentual superior ao de homens empreendedores com CNPJ, que é de 11%.
Mais formalizadas, as mulheres também foram o público que mais buscou as unidades de atendimento do Sebrae no Maranhão em 2023, representando 43% dos atendimentos. Homens foram 39% e os 18% restantes não informaram gênero. No ano passado, foram registrados 544.132 atendimentos nas Unidades do Sebrae em todo o estado. Destes, cerca de 233.900 foram prestados a mulheres enquanto representante de empresa ou pessoa física.
De acordo com Paula Janete Batalha, gestora do Projeto Delas no Maranhão, além dos desafios comuns aos empreendedores em geral, como falta de recursos financeiros, pouco conhecimento sobre como gerir uma empresa e rede de contatos pequena ou inexistente, as mulheres enfrentam ainda discriminação de gênero, falta de representatividade nas instâncias envolvidas na elaboração de políticas públicas e dificuldade de conciliar vida pessoal com o trabalho ou a gestão do negócio. “É uma verdadeira ginástica que as mulheres fazem para que possam, no final, ter sucesso”, reflete.
Conciliando — Há dois anos, a empreendedora Ana Valéria Ambrósio decidiu abrir um negócio no ramo de produção e venda de bebidas alcoólicas destiladas. A maternidade, em vez de empecilho, foi um dos motivos que a fizeram empreender. A filha, hoje com 11 anos, ainda ajudou a mãe no processo da criação do rótulo da bebida.
A empreendedora conta que tem conseguido equilibrar bem a vida pessoal e o trabalho. “Entendi que tinha que priorizar os pontos que mais me importam: mãe e profissional. Mas preciso voltar a dar atenção ao lado mulher”, compartilha.
Por meio das consultorias gratuitas oferecidas pelo Sebrae e da participação em eventos a convite da instituição, Ana vem gradativamente amadurecendo como empresária e consolidando a sua marca no mercado. A empresa produz 10 mil litros de cachaça por ano, sob o selo Santo Ambrósio, com distribuição dentro e fora do estado, principalmente em São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.