Mercado hoteleiro volta a crescer e valor das diárias médias é recorde em 2022

Nedilson Machado
Estudo da JLL indica recuperação robusta em ocupação, diárias médias e rentabilidade. A boa performance se manteve no primeiro semestre de 2023 e é promissora nos próximos anos (Foto/Divulgação)

 

Mesmo sendo impactada pela COVID-19 nos meses que marcam a alta temporada do verão brasileiro – janeiro e fevereiro –, a indústria hoteleira se mostrou resiliente em 2022, e apresentou bons índices de recuperação após um período de turbulência decorrente da pandemia. É o que aponta a pesquisa “Hotelaria em Números – Brasil 2023”, realizada pela JLL em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e com a Resorts Brasil. O levantamento analisou a performance de mais de 500 hotéis, resorts e flats em operação no país.

Entre os destaques do ano, de acordo com a pesquisa, está o valor das diárias médias, que atingiu R$ 290,00, maior patamar desde 2004. O índice do último ano recuperou quase integralmente as perdas inflacionárias da última década. Como parâmetro, durante as crises econômica de 2015 a 2018 e da pandemia de 2020 a 2021, as diárias médias dos hotéis sofreram queda considerável, chegando a R$ 212,00 em 2021.

“A recuperação expressiva de 2022 se deu a partir de março. Com a vacinação, a demanda ficou mais aquecida e pudemos observar também a melhora na rentabilidade e na ocupação. A retomada do valor médio das diárias é uma boa notícia. Agora, o mercado caminha para melhorar os demais índices, com projeção de ótimas performances nos próximos anos”, conta Ricardo Mader, diretor de Valuation and Risk Advisory da JLL.

O estudo mostra que, em 2022, houve evolução de outros importantes índices do setor. A Receita por Quarto Disponível (RevPar) atingiu R$ 171, pouco abaixo da maior média histórica (R$ 173), registrada em 2014. Já o Resultado Operacional (GOP) ficou em 36,9%, ante os 39,4% também alcançados em 2014. A taxa média de ocupação dos hotéis em 2022 foi de 58,9%, equivalente a 2018, mas ainda aquém de 2019 (60,2%) e do maior índice que foi em 2011 (69,5%).  “O ritmo de recuperação continuou no primeiro semestre de 2023. Não fosse pelo impacto dos dois primeiros meses de 2022, poderíamos ter alcançado níveis históricos já no ano passado. Por isso, a expectativa é de mantermos essa movimentação também para os próximos anos”, conclui Mader.

Os desafios e as tendências do setor para os próximos anos

Entre os indicativos percebidos pelo estudo da JLL, está a de operação com estruturas de custo mais enxutas. A pesquisa também mostra que a alta taxa de juros, provocada pela inflação pós-pandemia, freou o desenvolvimento de novos projetos de hotelaria. “Devemos observar uma alta da taxa de ocupação, já que a expectativa é o aumento da demanda concomitante a um baixo crescimento da oferta”, explica Mader.

Outra tendência é a das grandes redes hoteleiras passarem a franquear suas marcas às administradoras locais. O estudo mostra que a Atlântica Hotéis se tornou a maior administradora de hotéis do país, estando à frente da operação de 166 hotéis. A Accor, que lidera o ranking nacional de cadeia hoteleira, com 338 hotéis, administra 154. Esse movimento já foi visto e fez crescer também empresas como Atrio, Intercity e Falcon, por exemplo.

E, como já previsto no levantamento divulgado no ano passado, as políticas de ESG (meio ambiente, social e governança) vieram para ficar. Administradores e proprietários têm dado uma atenção especial para investimentos e tecnologias neste âmbito. “Esse movimento cresce em alinhamento com a demanda de hóspedes que estão cada vez mais atentos ao comprometimento socioambiental da rede hoteleira”, finaliza o executivo da JLL.

Acesse o relatório “Hotelaria em Números – Brasil 2023” aqui.

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