“Saudade” foi o samba-enredo que levou o título à escola Flor do Samba, que encerrou o Carnaval de Passarela 2023 homenageando as perdas de pessoas para a Covid-19 (Foto/Divulgação)
A escola “Flor do Samba” promete um desfile de dar água na boca, que acontecerá na Passarela do Samba, no Anel Viário, em São Luís, na madrugada desta sexta-feira (23). Com o tema “Maranhão à Mesa: Heranças e Sabores”, criado e desenvolvido pelo carnavalesco, Ítalo Fonseca e Marcos Paulo, a escola vai falar sobre a riqueza da culinária maranhense, mergulhando nas tradições gastronômicas, influências europeias, árabes e africanas, frutas vibrantes e doces típicos da região.
A tiquira, bebida típica feita da mandioca, também ganha destaque, envolvendo os espectadores em uma experiência sensorial única. A escola destaca a importância dos produtores, pesquisadores e chefs que trabalham incansavelmente para potencializar nutrientes, garantir resistência e elevar a qualidade dos pratos. Desde os agricultores dedicados que cultivam esses sabores, até os pesquisadores inovadores que aprimoram os alimentos, cada etapa é uma jornada de amor pela culinária local.
O mestre-sala Wandrey Menezes e a porta-bandeira Elizete Campos vão conduzir e apresentar o importante símbolo da escola, nas cores azul, vermelho e branco. O segundo casal é Aline Algave e Ademilton Garroso. Já a Comissão de Frente será composta por 12 bailarinos, comandados pela coreógrafa Flavia Almeida.
Maranhensidade
De acordo com o presidente da “Flor”, Luis César, a apresentação vai levar a autenticidade maranhense aos olhos do mundo, prometendo encantar paladares e revelar a verdadeira essência da culinária dessa região única, com sua juçara, caranguejo, peixe, camarão, feijoada, em 15 alas, divididas por quatro carros alegóricos. As alas são as seguintes: Indígena, Chefs, Guaraná Jesus, Passistas, Pregoeiros, Dendê, Árabe, Juçara, Farinha, Afro, Influência Europeia e Mar, divididas em quatro blocos, com mais de mil integrantes. “A ‘Flor do Samba’ é bicampeã e está buscando o tricampeonato, algo inédito na nossa história”, declarou. “A nossa bateria, composta por 120 ritmistas, terá o comandado do diretor de bateria, Xareu, e respectivamente, pelo 1º, 2º e 3º mestres de bateria, Preguinho, morador da comunidade, Isaac Nogueira e Adelson Araouche, da família originária da Fundação da Flor do Samba”, detalhou Luis César.
Com letra e melodia empolgantes, a escola terá como puxador oficial, Lucas Neto, composta por 10 cantores e compositores, vencedores do concurso ano passado, que prometem sacodir a arquibancada e a Cidade do Samba.
A vice-presidente da escola “Flor do Samba”, Rony Clay Amaral Pinheiro Silva, 55 anos, mora no bairro Desterro desde quando nasceu. Seguiu os passos da mãe que também saía na ala das baianas, a qual coordena hoje, e cresceu entre as alegorias da escola. “O fato de ter nascido na comunidade e crescido entre as alegorias da ‘Flor’ traz consigo muitas memórias, desde a minha mãe decorando as alas às comemorações a cada título, tornou essa conexão muito mais profunda”, contou. Rony destacou a responsabilidade de dirigir uma escola de Samba com tanta tradição em um berço cultural. “O Desterro é uma comunidade familiar onde todos que ali residem possuem suas histórias entrelaçadas, uns com os outros”. Prepare-se para uma festa de sabores no Carnaval da Flor do Samba!
Resistência cultural
Há 12 anos na Escola, a porta-bandeira oficial, Elizete Campos, afirma que carregar a bandeira da Flor é também levar com ela a responsabilidade de representar sua comunidade: “A importância maior é mostrar que ali tem uma comunidade que luta e resiste para manter a nossa cultura, além de transmitir beleza, alegria e amor. Vamos com tudo”, revelou. A sua experiência será somada à do mestre-sala que vem somar ao bailado, com a sua trajetória de 10 anos, Wandrey Menezes.
A 2ª porta-bandeira, Aline Algave, descreve o que representa carregar este símbolo da escola que representa. “Nós somos a alma da escola, e quando se levanta um estandarte, se levanta toda uma história da comunidade, da representatividade que cada agremiação tem”, resumiu. Casada com Ademilton Garroso mestre-sala da escola, há 14 anos e há oito, na “Flor”, a parceria também se torna sólida e transparente, e facilita na disponibilidade de ambos, nos ensaios. O mestre-sala reforçou quais os desafios de desfilar na “Flor do Samba” e o que é necessário. “É preciso ter leveza, concentração, bailado e gostar do que faz. O maior desafio é a responsabilidade de carregar e defender o pavilhão, o coração e a história de uma comunidade, a rotina de ensaios e a apresentações, preparo físico e psicológico até o dia principal do desfile”, ressaltou Ademilton.
Ao longo dos anos, Rony Clay vivenciou muitos projetos que nasceram na comunidade, muitos talentos aprimorados e se tornando profissionais, músicos, ritmistas, bailarinas de danças culturais, artistas plásticos, compositores, muitos artistas e amantes culturais se integraram à comunidade e foram acolhidos como parte dessa família. “Sinto-me orgulhosa em ver que muito dos carnavais em que pude desfrutar, quando criança, ainda resistem na comunidade do Desterro, sendo a Flor, a principal delas. Por isso, todo o trabalho, dedicação e dificuldades enfrentadas para levar a Flor do Samba à passarela, são válidos, comparados aos bons frutos que colhemos ao longo desses 84 anos de tradição, tornando-se um legado”, resumiu.